Uma corrente cada vez maior de gestores reconhece que o dinheiro não é o fator mais importante de sucesso organizacional, mais sim as pessoas, entendendo que de fato são elas que geram os resultados. A partir disso pode-se concluir que investir, valorizar e desenvolver os colaboradores, já seria suficiente para garantir excelência operacional? Pode ser que não, mas ainda com foco sobre a importância das pessoas, ou melhor, do trabalho delas, existe um componente significativo que precisa ser adequadamente gerenciado, que é produzido a todo o momento, tanto internamente como externamente à organização: isto é o conhecimento.
Todos já viram empresas sofrerem profunda queda na qualidade de produtos ou serviços, por vezes até mesmo fechando as portas depois da saída de algum funcionário-chave, ou da ausência de seu proprietário que conhecia tão bem o “caminho das pedras” ou que era a “cara” da organização.
Todo sistema tende ao processo de entropia, e dependendo de diversos fatores internos e externos isso pode ocorrer mais cedo ou mais tarde, e as organizações não são exceção à regra. O que pode evitar, atenuar ou retirar os efeitos da entropia nas empresas seria a inovação, fenômeno endógeno que oxigena as pessoas, surpreende clientes e traz lucratividade.
A inovação advém da criatividade pessoal, que com a capacitação por treinamento, estudo ou experiência prática de anos de trabalho acontece todos os dias com novos produtos, processos e soluções. O problema é que inovar está cada vez mais difícil e ao mesmo tempo é mais urgente, devido à concorrência mais agressiva, em maior número e com maior qualidade.
Transformar dados em informação é fundamental, é como tirar do conteúdo de relatórios de vendas, de produção e das pesquisas de mercado a base para criar estratégias e planos de ação que possam dar direcionamento a empresa. Para tanto precisa-se de pessoas qualificadas, tanto para interpretar como para criar novos conceitos.
A gestão do conhecimento não é anotar, gravar ou filmar o que as pessoas falam e fazem indiscriminadamente, é preciso estruturar a ação. Poderia definir como um conjunto de processos com foco na geração, codificação, disseminação e apropriação do conhecimento para alcance de objetivos propostos.
Para uma gestão do conhecimento eficaz, dois componentes devem estar alinhados a estratégia da empresa, a cultura organizacional e o desenvolvimento de lideranças, já que a criação de um ambiente adequado, com estímulos a socialização, colaboração e criatividade acabam sendo fundamentais para geração e disseminação de ideias, e para que isso ocorra é preciso engajamento voluntário e motivação por parte das pessoas, e em grande parte, isso dependerá do bom trabalho de um líder capacitado.
A transformação do conhecimento de um profissional, do seu know how, em um procedimento operacional padrão, com estrutura, sequência e perspectivas de resultado, é o processo denominado pelos autores Nonaka e Takeuchi, na obra Gestão do Conhecimento (1997), como externalização, quando se converte o conhecimento tácito em explícito, o que naturalmente dá a organização mais segurança, agrega-lhe mais valor e maior potencial de disseminação dessa competência para outros colaboradores, evitando falhas, padronizando comportamento e melhorando o desempenho.
Entre as formas de aplicação de gestão do conhecimento mais usadas estão:
- Banco de competências
- Fóruns ou listas de discussão
- Gestão eletrônica de documentos
- Mapeamento de processos
- Melhores práticas
- Portais corporativos ou intranets
- Benchmarking
- Coaching
- Universidade corporativa
Como se pôde ver pelas práticas elencadas, a cada dia mais empresas estão aplicando a gestão do conhecimento, e normalmente o setor de Recursos Humanos é o responsável principal pela condução desse processo, já que ele monitora, treina e desenvolve as pessoas, contudo é preciso lembrar que devem trabalhar em sintonia com os gestores de linha, pois estes é que conduzirão suas equipes no dia a dia, gerando e utilizando as informações. Outro setor de fundamental importância é o de TI, já que é praticamente impossível gerenciar o conhecimento sem a tecnologia dos sistemas de informação, dada a complexidade e urgência nas demandas organizacionais.
Por fim, a gestão do conhecimento tem sido fator de diferenciação de desempenho entre os concorrentes que adotam ou não essa prática, ou pelo menos não de forma eficaz, pois o resultado de um bom trabalho nessa área é o aumento na produtividade, eficiência e na geração de inovação, e isso mais do que sucesso tem sido prioritário para a sobrevivência em mercados cada vez mais competitivos.
Fonte: Administradores